Cultura do jiló (Solanum gilo)
O jiló (Solanum gilo) é uma planta anual, de origem desconhecida, pertencente à família das solanáceas (Solanaceae).
No Brasil a produção está concentrada principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O estado do Rio de Janeiro é o maior produtor nacional respondendo por 32% da produção.
Clima e época de plantio
Por ser uma planta de clima quente e muito exigente em temperatura a
época de plantio mais indicada para o jiló encontra-se entre os meses de
setembro a fevereiro, sendo que também é cultivado ao longo do ano,
porém em regiões de baixas altitudes e que apresentam inverno suave,
visto que a cultura é bastante sensível ao frio.
Escolha e preparo do solo
Em relação ao tipo de solo por ser uma cultura rústica, em relação às
demais solanáceas, o jiló é menos exigente em nutrientes e mais
tolerante à acidez, motivo pelo qual geralmente não se fazem aplicações
de calagem para o seucultivo
O jiló apresenta melhor desenvolvimento em solos de textura areno-argilosa, embora apresente bons rendimentos e capacidade de adaptação a variados tipos de solo. Por ser uma cultura intolerante ao excesso de água exige solos bem drenados e cuidados na irrigação.
Em relação à necessidade de calagem, de acordo com a análise de solo recomenda-se fazer a correção do mesmo quando estiver com pH abaixo de 5,5 e o teor de alumínio for superior a 0,2 cmolc/dm³. O preparo do solo é caracterizado por uma aração e/ou gradagem de maneira que fique bem nivelado e fofo. Após o preparo do solo deve-se fazer o preparo das covas e as adubações orgânica e química, baseadas na análise de solo, sendo que ambos os procedimentos devem ser feitos com antecedência ao plantio das mudas.
Adubação orgânica
A importância da adubação orgânica para a cultura ressaltando que a
mesma é muito benéfica principalmente se for feita nos 30 dias que
antecedem o plantio das mudas (desde que seja farta). Na adubação orgânica pode
ser usado esterco puro de galinha (2 litros de esterco por metro de
sulco) além de outras fontes de matéria orgânica, como fontes
alternativas 5-8 ton/ha de esterco de ave; 10-15 ton/ha de esterco de
cama de ave ou composto orgânico; e 20-30 ton/ha de esterco de
curral/ha.
Implantação da cultura: plantio e semeadura
Existem basicamente dois métodos a serem seguidos pelo produtor no
plantio, ambos envolvendo processos de formação de mudas para
posteriormente realizar-se o transplante:- Plantio em sementeiras, efetuando-se posteriormente a repicagem para copinhos de papel de jornal contendo uma mistura de solo com adubos; e transplante para o campo.
- Formação das mudas em bandejas de isopor com 128 células, contendo substrato; procedendo-se logo em seguida ao transplante.
A produção de mudas pode ser feita:
- De modo tradicional, ou seja, com semeadura em canteiros e repicagem para copinhos de papel utilizando-se substrato caseiro e posterior transplantio para o local definitivo.
- Pelo método mais atual, que permite a obtenção de mudas mais uniformes e saídas e preconiza o uso de bandejas de isopor com substrato comercial que oferece maior segurança ao produtor por ser isento de pragas e doenças além de vir com os fertilizantes necessários.
- Aquisição das mudas por meio de produtores especializados.
devem ficar a uma profundidade maior em relação à que se encontravam durante sua fase de formação.
Sistemas de cultivo
- o convencional, que preconiza a realização de um manejo padronizado e baseado em recomendações técnicas para a cultura, considerando operações de preparo (aração e gradagem) e correção do solo (adubação), de preparo das sementes, irrigação, tratos culturais e colheita;
- cultivo protegido, feito em casas de vegetação ou túneis onde a cultura desenvolve-se em um ambiente alterado climaticamente o que possibilita ao produtor ter um melhor controle sob o desenvolvimento da cultura.
Sistemas de irrigação
A irrigação seja feita somente no período seco (outono-inverno),
quando necessário. A irrigação recomendada, em especial a localizada –
por gotejamento, é um fator preponderante no desenvolvimento dessa
cultura.Porém os sistemas de irrigação mais usuais nesta cultura são por Infiltração (sulcos) ou aspersão.
NOTA: NÃO SE RECOMENDA O USO DE ASPERSÃO JÁ QUE ESTE SISTEMA RESULTARÁ NA DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS;
Tratos culturais
Os principais estão voltados para a
irrigação que é recomendada principalmente para o período seco e para o
uso de estacas (estaqueamento) utilizando-se varas de aproximadamente 80 cm de comprimento. Manter limpo o terreno cultivado durante todos os estádios de desenvolvimento
da cultura (não existe nenhum herbicida registrado para o controle de
plantas daninhas na cultura), com capinas realizadas manualmente ou com auxílio
de maquinário (microtrator). Como alternativa recomenda-se o uso de
Mulching (cobertura morta com plástico preto, método associado
principalmente ao tipo de irrigação por gotejamento).
- Principais doenças
fornecer água em excesso; e fazer rotação de culturas com gramíneas (por cerca de 3 anos).
2- Antracnose (Colletotrichum gloesporioides): ocasiona danos mais agravados nos frutos caracterizados por lesões pardas e deprimidas. As condições propícias ao seu desenvolvimento são principalmente temperatura e umidade elevadas. O controle pode ser feito utilizando-se cultivares resistentes (Tinguá).
3- Mancha de estenfílio (Stemphylium solani): Ataca as plantas na fase de muda e quando estão adultas, ocasionando o surgimento de lesões pardas e pequenas. Seu controle pode ser feito com tratamento químico (uso de fungicidas cúpricos); realizando-se o plantio em área arejada; fazer rotação de culturas; destruir os restos culturais ao final de cada ciclo da cultura; e uso de sementes provenientes de frutos sadios.
4- Nematóides (Meloidogyne sp.): A sintomática da doença caracteriza-se principalmente pelo aparecimento de áreas engrossadas e encaroçadas (galhas) nas raízes, além do amarelecimento das folhas mais velhas, podendo evoluir nos casos mais severos para murcha e até a
morte da planta. O seu controle recomendam-se práticas como a não realização do plantio em áreas onde anteriormente houve incidência da doença; a rotação de culturas; e o plantio em solo esterilizado ou livre de
nematóides.
5- Murcha bacteriana (Pseudomonas solanacearum): Ataca as plantas causando podridão das raízes e escurecimento dos vasos, podendo também aparecer em alguns casos sintomas típicos de murcha na parte aérea.
O controle da doença pode ser feito através do isolamento dos focos da doença; de medidas preventivas; rotação de culturas com gramíneas; cuidados na irrigação; e com a procedência da água.
- Principais pragas
2- Mosca Branca: Ocasiona danos diretos através da sucção da seiva da planta, além de injetar toxina nas folhas durante o ataque reduzindo a fotossíntese e provocando secreções açucaradas que favorecem o aparecimento de outras pragas como formigas, ou doenças, como os vírus e fungos. Os sintomas são percebidos principalmente nos frutos, que após o ataque apresentam-se sem coloração, totalmente brancos e fora do padrão comercial, além de apresentarem amadurecimento irregular, prejudicando sua qualidade comercial. Além destas, são também pragas características da
cultura o pulgão e o tripes.
Colheita
Recomenda-se que a colheita seja iniciada com os frutos ainda
imaturos e as sementes tenras, visto que os frutos maduros não são
adequados para consumo e, portanto não possuem interesse comercial.As colheitas iniciam-se aproximadamente 80-100 dias após a semeadura, podendo estender-se por mais de 100 dias, o que possibilita inclusive a realização de uma nova colheita na primavera seguinte, após o inverno (caso seja feita uma cobertura com nitrogênio e recomecem as irrigações). O processo da colheita é feito manualmente , podendo o mesmo estender-se a três meses ou mais, dependendo das condições fitossanitárias e do manejo ao qual está sendo submetida a cultura.
O rendimento oscila entre 20-30 ton/ha, e que durante a comercialização os frutos. Durante a seleção dos produtos para comercialização são priorizados alguns fatores imprescindíveis para a obtenção de um produto final de qualidade:
1- Ausência de lesões: A presença de lesões reduz o valor do produto além de
ser porta de entrada para fungos e bactérias e aumentar a perda de água ocasionando murchamento.
2- Boa aparência e aspecto: Esta característica assegura que o produto foi colhido no período correto de maturação e, portanto, apresenta todas as
suas propriedades conservadas como bons valores nutricionais, sabor característico e possui um maior tempo de conservação.
3- Limpeza e higiene: Uma hortaliça limpa e higienizada representa um produto saudável e livre de contaminações.
4- Ausência de manchas: A presença de manchas reduz o valor do produto devido ao escurecimento ocasionado pelas mesmas na área afetada, além de revelar que a hortaliça apresentou um amadurecimento desigual.
Fonte: Boletim Técnico – Gustavo Cardoso Gonçalves